Há exatos 30 anos, Goiânia era
atingida por aquele que é considerado o maior acidente radiológico do mundo. A
tragédia envolvendo o césio-137 deixou centenas de pessoas mortas contaminadas
pelo elemento e outras tantas com sequelas irreversíveis.
No âmbito radioativo, o Césio 137 só
não foi maior que o acidente na usina nuclear de Chernobyl, em 1986, na
Ucrânia, segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). O incidente
teve início depois que dois jovens catadores de papel encontraram e abriram um
aparelho contendo o elemento radioativo. A peça foi achada em um prédio
abandonado, onde funcionava uma clínica desativada.
A tragédia começou quando dois jovens
catadores de materiais recicláveis abrem um aparelho de radioterapia em um
prédio público abandonado, no dia 13 de
setembro de 1987, no Centro de Goiânia. Eles pensavam em retirar o chumbo e
o metal para vender e ignoravam que dentro do equipamento havia uma cápsula
contendo césio-137, um metal radioativo.
Depois de cinco dias, o equipamento
foi vendido para Devair Alves Ferreira,
dono de um ferro-velho localizado no Setor Aeroporto, também na região central
da cidade. Neste local, a cápsula foi aberta e, à noite, Devair constatou que o
material tinha um brilho azul intenso e levou o material para dentro de casa.
Devair, sua esposa Maria Gabriela
Ferreira e outros membros de sua família também começaram a apresentar sintomas
de contaminação radioativa, sem fazer ideia do que tinham em casa. Ele
continuava fascinado pelo brilho do material. Entre os dias 19 e 26 de
setembro, a cápsula com o césio foi mostrada para várias pessoas que passaram
pelo ferro-velho e também pela casa da família.
Passadas três décadas, os
resíduos já perderam metade da radiação. No entanto, o risco completo de
radiação só deve desaparecer em pelo menos 265 anos.