Por Francisco Florêncio
Completam-se hoje 85 anos do assassinato em Recife, do
Presidente do Estado da Paraíba, o Dr. João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.
Esta é uma das mais significativas datas da história da república brasileira.
Menos pela morte do ilustre paraibano, mais pelo que a partir dela disparou-se
a dita Revolução de 1930.
Rememoremos as circunstâncias do trágico evento e suas
repercussões.
O Presidente João Pessoa havia sido candidato à vice
presidente na chapa presidencial do partido da Aliança Liberal, atraindo para
si e para a Paraíba, todas os tipos de perseguições por parte do governo
federal de então, que representava o status quo e contra o qual prometia a
Aliança Liberal, como oposição, um novo modelo de política para o Brasil. Foi
nesse contexto que aconteceu a chamada “Revolta de Princesa”. A Paraiba foi
fortemente conturbada internamente por este movimento armado, e o governo, sem
recursos, enfrentou sozinho a grave perturbação política e social provocada
pela rebeldia comandada pelo Deputado Coronel José Pereira. Ódios e rancores
foram os subprodutos dessa situação. Dentre eles, o adversário político João
Dantas, bacharel paraibano, que foi envolvido em intrigas pessoais alimentadas
pelas questões políticas e, num lance oportunista e irracional, assassinou a
tiros, em Recife, o Presidente João Pessoa, quando este visitava àquela cidade,
neste fatídico dia 26.
O fato mudou a história do Brasil. A Aliança Liberal havia
sido derrotada nas eleições de março de 1930. Seus líderes, entre eles Getúlio
Vargas, conformados pela derrota, recolhiam-se às suas rotinas. A comoção do
assassinato reacendeu a chama apagada dos conspiradores, que oportunisticamente
souberam aproveitar o clamor público e criaram o mártir que lhes faltava para a
retomada do furor revolucionário, que explodiu em 3 de outubro daquele ano. O
corpo do Presidente foi levado de Recife embalsamado, e exposto aos paraibanos
na sua capital, onde multidões agitadas clamavam por vingança. De lá, o corpo seguiu de navio até ao Rio de
Janeiro, então capital federal, onde foi apresentado como o supremo mártir dos
novos ideais republicanos e democráticos, e lá enterrado com as honras de herói
nacional. Em Princesa, o coronel Zé Pereira, exaurido em recursos para manter a
campanha militar, assustado com a repercussão do “martírio” do seu feroz
opositor, aproveitou o ensejo e deu a luta por encerrada, alegando que “tinha
perdido o gosto pela luta”, como dito por seus biógrafos.
Hoje, quase todos os personagens dessa época estão mortos, e
com eles, enterradas suas paixões, ambições, vaidades e afins. Só lhes restou
entrarem na história. À nós de avaliarmos se valeu a pena. Texto furtado do
Blog do Tião Lucena.
Nenhum comentário :
Postar um comentário