Um dos pilares do poder nacional-socialista
consistia no monopólio sobre a opinião pública e a total soberania sobre a
produção cultural. Esta tendência ficou bastante evidente, já que apenas
algumas semanas depois de tomar o poder, Hitler
criou o Ministério do Esclarecimento do
Povo e da Propaganda (Ministerium für Volksaufklärung und Propaganda) cujo
líder passa a ser um dos homens mais importantes do carrasco: Joseph Goebbels. É em setembro de 1933
que Goebbels burocratiza toda a produção cultural do país, criando a Câmara de
Cultura do Império (Reichskulturkammer) que, por sua vez, era setorizada nas
seguintes esferas: Letras, Imprensa, Rádio, Teatro, Cinema, Música e Artes
Plásticas.
Tal câmara tinha como objetivo
organizar e observar o todo da vida cultural, tendo como background a ideologia
nazista. A partir de setembro de 33, apenas os “afiliados” (por coerção) da
Câmara de Cultura é que podiam exercer seu ofício. Com isso, estavam
automaticamente proibidos de serem jornalistas, escritores ou cineastas, judeus
e democratas que criticavam o regime.
Hitler
O curioso é que o meio de comunicação em massa que recebeu maior investimento do
Terceiro Reich foi o rádio. A televisão ainda engatinhava no mundo todo e o
cinema, apesar de já ter grande aceitação, jamais teve o poder de estar
diariamente no lar dos alemães. Goebbels foi tão astuto que ordenou a produção
de um aparelho de rádio chamado VE301 (atenção para o número 301, que se refere
ao dia 30 de janeiro de 1933, dia em que Hitler foi nomeado chanceler). Para
garantir a presença do rádio em muitas casas, Goebbels criou uma campanha para
tornar acessível a compra do VE301 (em 1939, 70% da população alemã ouviam rádio).
O rádio foi, portanto, o meio mais
eficiente de divulgação da visão de mundo nacional-socialista e procurava
transmitir aos seus ouvintes a celebração do regime e o apaziguamento dos
conflitos através de programas cujo conteúdo era completamente apolítico.
Coincidência com o que passou a ser o
papel da televisão no pós-guerra nos Estados Unidos e, logo, no Brasil? Talvez
os mass media não sejam tão inescrupulosos como o foram os do regime nazista,
mas não deixa de ser problemático constatar um germe comum a duas formas
completamente diferentes de produzir cultura e transmiti-la ao povo. O filósofo
alemão Theodor W. Adorno, exilado durante os anos do nacional-socialismo, viu
traços microfascistas no povo americano e publicou em 1950 seu “A personalidade
autoritária”. Nada melhor que um alemão para entender do que se tratam os
microfascismos que ainda parecem persistir numa sociedade global que acredita
ser o resultado da vitória sobre Adolf Hitler há quase 70 anos atrás…
Esta história do Ministério da
Propaganda continua em um post futuro!
Fonte: Benz, Wolfgang. Geschichte des Dritten Reiches. München, dtv:2011.
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