Grande festa popular, o
Carnaval reúne milhares de pessoas nas ruas, nas passarelas do samba e em
clubes de todos os cantos do País. Mas engana-se quem pensa que essa
comemoração teve origem aqui. O Brasil entrou na história da festa apenas a
partir do descobrimento pelos portugueses, em 1.500, quando essa manifestação
cultural já contava com uma longa trajetória.
De acordo com o
historiador Voltaire Schilling, o carnaval é a festa profana mais antiga que se
tem registro, já que existe há mais de 3 mil anos. As suas raízes mais remotas
encontram-se na Grécia Antiga, no culto ao deus Dionísio, que mais tarde foi celebrado
em Roma como Baco, espalhando-se para os países de cultura neolatina. Consta
que as primeiras seguidoras do deus foram mulheres, que viram nos dias que lhe
eram dedicados um momento para escaparem da vigilância dos maridos para poderem
cair na folia. Nos dias permitidos, elas saíam aos bandos, com o rosto coberto
de pó e com vestes transformadas ou rasgadas, cantando e gritando. Os homens
não demoraram em aderir a essa celebração.
A historiadora e diretora
da Fundação Joaquim Nabuco, Rita de Cássia Araújo, aponta que as festas
populares que ocorriam na era pré-cristã no Hemisfério Norte, principalmente no
Egito, em Roma e na Grécia, para celebrar o fim do inverno e
a chegada da época do plantio de lavouras impulsionaram o que se caracterizou
como a origem do Carnaval. Segundo Rita, não havia referências religiosas, mas
já havia as brincadeiras e as máscaras.
De celebração agrária a
festa ganhou contornos religiosos quando o Cristianismo atribuiu significado à
festa, que passou a ser vinculada à Páscoa - a Terça-Feira Gorda é 47 dias
antes do domingo de Páscoa. A festa, então, passou a ter um sentido de tempo de
diversão e exagero, de comida e bebida, que antecede a entrada num período de
reflexão e jejum dos cristãos antes da Páscoa, quando os fiéis teriam de se
recolher e rever sua vida.
Ainda de acordo com Rita,
uma segunda corrente de pesquisadores diverge da ideia de festa surgida há
tanto tempo, sustentando que o Carnaval tem múltiplas origens, com diferentes
significados e contextos que levara ao seu nascimento em cada região.
Carnaval no Brasil
Muito tempo depois, no século 17, a festa chegou ao Brasil por meio dos portugueses. Com o nome de intrudo, baseado principalmente em brincadeiras em que pessoas sujavam umas as outras como o mela-mela. "Havia uma distinção social nessa festa. As famílias brancas brincavam nas casas e os escravos brincavam nas ruas", diz Rita.
Com a declaração da
independência do Brasil, em 1822, o intrudo, de raiz colonial, passou a ser
visto como algo negativo e atrasado. Por isso, a partir da iniciativa de
intelectuais, artistas e imprensa, houve um rompimento com a tradição colonial
na segunda metade do século 19 e a adoção no País de modelos de festa trazidos
da Itália e da França, já com o nome de Carnaval (que teria o sentido de
"adeus à carne"). "Aí que entraram os bailes e os desfiles nas
ruas com alegorias", destaca Rita.
Segundo Voltaire
Schilling, a partir de 1935, com o crescente centralismo estatal determinado
pela Revolução de 1930, começou-se a sufocar a espontaneidade popular
submetendo os desfiles populares a regulamentos, horários e trajetos a serem
cumpridos à risca. Ganharam destaque a partir de então os desfiles das escolas
de samba, principalmente no Rio de Janeiro.
Fonte: Terra.
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