Há exatos 200 anos acontecia a coroação de Napoleão Bonaparte
(02/12/1804). A cerimônia marcada por muito luxo buscava
contrapor-se à pretensão de restauração da monarquia absolutista,
principalmente as tentativas de Luís XVIII, descendente da dinastia Bourbon, de
retomar o trono.
A cerimônia de coroação realizada na Catedral
de Notre-Dame buscou, dessa forma, criar laços históricos de Napoleão com o
passado francês, além de adotar elementos estéticos na decoração e
procedimentos do ritual que remetessem, por outro lado, às influências do
neoclassicismo, com temas inspirados em Roma e na Grécia, buscando aproximar
Napoleão dos grandes imperadores da História.
A obra de Jacques-Louis David (1748-1825),
pintor oficial de Napoleão, exposta no início do texto, dá-nos uma dimensão do
objetivo de Bonaparte em se colocar como um dos grandes homens da história.
É interessante notar, além das vestimentas e
outros adornos presentes na obra, que o pintor francês pretendeu retratar o
momento em que Napoleão tomou a coroa e a colocou com suas próprias mãos sobre
sua cabeça. Napoleão havia conseguido negociar a ida do papa Pio VII a Paris
para, dessa forma, reatar os laços entre o Estado francês e a Igreja, rompidos
após a Revolução Francesa de 1789. De acordo com os rituais de consagração régia,
a entidade religiosa era quem colocava a coroa na cabeça de um rei. Com sua
atitude, Napoleão Bonaparte pretendeu se colocar acima do poder religioso.
Napoleão pretendia, dessa
forma, apresentar simbolicamente seu poder como superior ao poder religioso da
Igreja Católica. A atitude mostrava também o tipo de personalidade de Napoleão
Bonaparte, que pretendia se colocar como um dos grandes nomes da história
mundial.
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