Presidente
da Paraíba de 22 de outubro de 1928 a 26 de julho de 1930 e candidato a vice na
chapa de Getulio Vargas, João Pessoa (1878-1930) era contra tomar o poder à
força caso perdesse a eleição presidencial de março de 1930. “Prefiro dez Júlio
Prestes (candidato adversário) a uma revolução”, declarou durante a passagem da
Caravana da Aliança Liberal pela Paraíba a fim de conclamar a Região Norte para
a sublevaçna Paraão. Prestes foi o vencedor, e apesar da insatisfação com o
modelo econômico e político do país e a alternância de São Paulo e Minas Gerais
no poder, Vargas se encaminhava para aceitar a derrota. Mas o assassinato de
João Pessoa serviu de estopim para o início da revolução.
O
crime estava mais relacionado a questões locais do que nacionais. João Pessoa
havia tomado medidas contra os coronéis, líderes políticos locais, o que levou
um deles, José Pereira, a iniciar uma revolta no município de Princesa em 28 de
fevereiro de 1930. No início de julho, o advogado João Dantas (1888-1930), que
seria ligado a Pereira, teve o seu escritório-residência arrombado pelas forças
do governo. Sentindo-se humilhado, assassinou o presidente do Estado a tiros no
dia 26 de julho de 1930, na Confeitaria
Glória, no Recife.
A
comoção causada pelo crime serviu para mobilizar partidários de Vargas, que
tomaram o poder em 3 de outubro. “João Pessoa vivo foi uma voz contra a
revolução. Mas João Pessoa morto foi o verdadeiro rearticulador do movimento
revolucionário”, definiu o jornalista Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000).
Fonte: Inês
Caminha Lopes Rodrigues é professora
aposentada da Universidade Federal da Paraíba e autora de A Revolta de Princesa: poder
privado x poder instituído (Brasiliense, 1981).
Nenhum comentário :
Postar um comentário