No vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo, 1 milhão 300
mil pessoas (1 milhão e 500 mil, segundo a Polícia Militar) reuniram-se no
último e maior comício realizado no Brasil pela aprovação da emenda Dante de
Oliveira, que restabeleceria eleições diretas para Presidente da República
imediatamente. O povo reuniu-se às 17h30 na Praça da Sé e começou a
dispersar-se cerca de três horas depois.
Além de Franco Montoro, de São Paulo, compareceram à passeata
pelo centro da cidade os então governantes do Rio, Leonel Brizola, e de Minas
Gerais, Tancredo Neves, os quais passaram momentos de tensão quando ficaram
espremidos no meio da multidão. Montoro e Brizola foram vaiados alguns momentos
antes de seus discursos. Tancredo Neves, o primeiro a falar, no entanto, foi
muito aplaudido quando disse: “Chegou a hora de libertarmos esta pátria desta
confusão que se instalou no país há 20 anos” e seguiu defendendo a aprovação da
emenda no Congresso, afirmando que os parlamentares que votassem contra ela
deveriam se retirar da Casa, já que não representavam mais a vontade do povo.
Em Brasília, o Presidente João Figueiredo, declarou numa reunião com senadores
que as eleições diretas não aconteceriam imediatamente (em novembro do mesmo
ano, como queria a Emenda Dante de Oliveira). “Não teremos eleições diretas
já”, anunciou ele no Palácio do Planalto.
Apoiado pelos militares, Figueiredo propôs outra emenda, com eleições diretas
para a Presidência apenas em 1988, data considerada por ele precoce, mas que
ficou estabelecida após um consenso entre membros do governo.
O movimento das “Diretas Já” teve início em 1983, em Pernambuco. Desde março
deste ano, o movimento realizou passeatas em todo o país, terminando com a
maior de todas, a do dia 16 de abril de
1984. Apesar da grande mobilização popular, a Emenda Dante de Oliveira não
foi aprovada. As eleições diretas para escolher o Presidente da República só
aconteceram em 1989 – um ano depois do que propusera Figueiredo. O “Diretas Já”, no entanto, garantiu uma
grande vitória no ano seguinte de seu último protesto, quando um de seus
líderes, Tancredo Neves, foi eleito indiretamente ao mais alto cargo do
Executivo, ocupado por militares desde 1964.
Fonte: Jornal do
Brasil.
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